sábado, 8 de novembro de 2008

um bom conselho, em forma de charada.

por que essas coisas, mesmo sendo dadas, nunca são de graça.


De quando em quando, o espírito do tempo joga uns baldes de água fria para me acordar do estupor do sonho engendrado pelas musas. Mas quem disse que despertar para o frio não é adormecer para o sonho?

O argumento baseado em fatos desconexos não desautoriza a força da leitura contínua feita em conjunto pela rica fauna subjetiva do ser. Se numa hora me abandonam, depois elas voltam, cada uma à sua moda, para me ninar. Tenho direitos sobre elas: tenho direito ao menos de um naco imbecil de piedade.

****



O problema da prosa é esse: ela é pesada demais, não decola, não consegue ser "en theos". Não consegue estar na divindade. Assim, se eu me sinto pleno de espírito, se por um instante reverbero no meu peito toda a massa sonora da emoção do mundo, minha escrita nunca acompanhará esse prodígio. Ficarei aqui sentado batendo nessas velhas teclas ate que o fogo abaixe, se amaine de um jeito ou de outro. Tentarei agora dar conta de todo o desespero e ódio que me dá quando penso em todo esse calor que se perde na luta mais vã que existe: a luta contra as palavras. Não é tarefa difícil, basta dizer que aí se vão uns 1673 caracteres de vida, desperdiçados.