quinta-feira, 12 de março de 2009

o balão branco

Quando eu era pequeno, seguia o costume das crianças de chorar por quase qualquer coisa. Meu pai não me consolava, dizia apenas que eu teria ocasiões bem piores para chorar ao longo da vida. Essa reminiscencia me veio quando assisti um filme sobre uma menina iraniana e suas peripécias e frustrações para conseguir um maldito peixinho branco (chama-se O balão branco). O filme, apesar de não ter explosões nem efeitos especiais teve a capacidade de prender e angustiar a mim e aos outros durante umas boas horas.
Minha explicação para isso é de que, apesar de todas as certezas adultas do avanço econômico, do progresso científico, da classe média, da salvação das almas, todos nós temos a leve sensação de estarmos nos debatendo atrás de alguns peixes brancos. E com o detalhe perverso de não sabermos se eles existem ou não na verdade, ou se eles serão suficientes para nos dar felicidade perpétua.
Me perdoem o miserável estilo Lya Luft, não pretendo me tornar um escritor de metafísica para donas de casa, mas os tempos são árduos e áridos.
E os instantes verdadeiramente excruciantes da vida são aqueles nos quais percebemos o quanto a própria felicidade é miserável e irritante, via de regra fruto de um auto-engano deliberado e extremamente sofisticado.

2 comentários:

Anônimo disse...

Shalders! Adorei o texto, é tudo verdade msm.

O filme é uma graça, e andei pesquisando, uma saida dos iranianos é usar as crianças nos filmes. O governo pensa que é bobo, que é filme pra criança, e é nessa brecha que os diretores fazem filmes com crianças sobre adultos.

:*

Anônimo disse...

Pessoas adoram se refugiar em ilusões. Toda a estrutura de suas vidas é feita de diferentes tipos de ilusões. Entretanto, estruturas com fundações podres acabam desabando......e depois começa de novo a construção! Dessa vez mais sofisticada, ou seja, a queda vai ser maior, com consequências mais terríveis!Eis ai a nossa vida!